Viajando sozinha: minha primeira vez
Dá medo, frio na barriga, vontade de desistir, mas depois vem um sentimento gostoso de realização
VIAJANDO SOZINHA


Eu, sozinha, na Austrália
Confesso que não fui criada para ter esse nível de independência e não me passava pela cabeça quando era mais nova, me aventurar por aí por conta própria. Já mais velha e com um namoro recém terminado, fiz a minha segunda viagem internacional. Fui pra Sidney, onde ainda mora a minha melhor amiga em Sidney (já fui pra lá 4 vezes). A primeira viagem pra fora havia sido alguns anos antes à Espanha, com uma amiga que morava lá.
O desafio de fazer uma viagem tão longa e com tantas escalas, era imenso. De São Paulo, desembarquei em Buenos Aires. À espera do voo que seguiria até Auckland, na Nova Zelândia, fui chamada no alto falante do aeroporto. O voo, no dia 24/12, estava com a classe econômica lotada e eles iriam me dar um upgrade para a business. Essa foi a primeira vantagem de estar sozinha.
Em Auckland, outra conexão. Desta vez, para Sidney. Um dia depois do embarque, eu chegava à terra dos cangurus. Fiquei hospedada na casa dessa amiga, casada com um australiano muito gente boa. Fui pra ficar um mês e com o passar dos dias, eles começaram a insistir para que eu viajasse para outras cidades australianas ou ficaria entediada num lugar só.
Gold Coast, aí fui eu
Com a ajuda do casal, comprei as passagens para a Gold Coast, no nordeste do país. Fui parar em Surfers Paradise, praia agitada, com muita gente bonita e baladas.
Pra conhecer outras pessoas e economizar, fiquei em um hostel. E aí veio a vontade de desistir. Havia pedido pra me colocarem num quarto com outras meninas, mas fui hospedada junto com 2 casais. Mal entrei no quarto e um casal sueco saiu pelado do banheiro.
Frustrada, fui até o orelhão (nessa época, era difícil adquirir um chip pro celular fora do Brasil) e liguei pra minha amiga quase chorando, dizendo que mudaria meu voo e iria embora. Expliquei o que aconteceu e ela me deu uma baita bronca. Falou pra eu voltar, conversar com os recepcionistas e não desistir. Eu não confiava muito no meu inglês, mas não é que deu certo? Fui transferida para um quarto com outras quatro meninas. Todas suecas.
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Baladas, baladas e baladas
Eu nunca tinha ficado num hostel e nem dividido quarto com estranhos, mas não achei tão ruim. Tirando o fato que era verão, um calor escaldante e o quarto não tinha ar condicionado. Sofrido!
À noite, o hostel organizava churrascos (barbies na gíria australiana), que não tinha carne. Só bebida. A galera já ficava calibrada para o que vinha depois: as baladas. Nossas mãos eram carimbadas e isso dava o direito de entrar de graça em bares/casas noturnas e a um drink cortesia. Era engraçado... Saíamos todos juntos. Cada noite, era um lugar diferente.
Fiz muitas amizades. Entre elas, duas japonesas doidas, sendo que uma delas já tinha morado no Brasil, e uma turma de irlandeses malucos. Meus dias então eram divididos assim: à noite, balada. De manhã, quando o calor já estava matando e era difícil dormir no forno do quarto, eu ia à praia, arrumava uma sombrinha, tirava um cochilo e depois saía pra andar e me preparar pra noitada... hahaha.... Foi muito divertido. Inesquecível.
Depois dessa vez, não parei mais. Na verdade, depois que completei 40 anos, criei coragem para me aventurar ainda mais sozinha. Vou contando minhas histórias aos poucos... E são muitas. Não dá pra ficar esperando a vontade e disponibilidade de outras pessoas. A vida é uma só... Curta sua viagem!

