Intercâmbio com mais de 40?
Fiz o meu primeiro intercâmbio aos 45 anos e foi a melhor experiência da minha vida
VIAJANDO SOZINHA


Sozinha em Paris: estudando francês
Oui, je parle français. Hoje, posso dizer que me viro bem em francês, mas minha primeira vez na França foi terrível. Fui pra ficar uma semana em Paris, sabendo o básico do básico da língua. Logo no primeiro dia, tive problemas em ativar meu chip de celular e o cartão do metrô. Quando pedia ajuda, ouvia dos parisienses que eles não falavam inglês. A bem da verdade é que se falam, não fazem questão de mostrar e nem de ajudar. Tive que me virar nos 30 e foi daí que veio a minha vontade de estudar francês.
Seis meses depois dessa primeira vez em Paris, desembarquei para ficar por um mês. Me matriculei em uma escola e fazia 2 horas de aula por dia. O resto do tempo, eu passava flanando (como os franceses gostam de falar) pela cidade-luz. Não tem como não se apaixonar por Paris. Suas avenidas largas, os prédios charmosos, seus cafés e museus... Ainda quero voltar pra ficar mais três meses e melhorar meu francês.
Onde ficar?
Paris tem formato de um caracol. São vinte bairros, conhecidos como "arrondissements". Os principais, onde se localizam alguns pontos turísticos, estão no centro. As hospedagens ali, obviamente, são mais caras. O bom da cidade-luz é que há várias linhas de metrô e estações por todos os lados. Então, é muito fácil se locomover, onde quer que você se hospede. Também é tranquilo se resolver ficar em alguma das cidades ao redor de Paris. Nesse caso, você vai usar o sistema de trens, o chamado RER.
Para fazer um intercâmbio, há várias opções de hospedagem: hotéis, hostels, casas de família, airbnb. Eu optei por alugar um estúdio, já que aos 45 anos, eu queria ter a liberdade e a experiência de viver sozinha em uma das cidades mais encantadoras do mundo. Fiquei no 6º arrondissement, mais residencial e a uma caminhada da Catedral de Notre Dame e do Jardim de Luxemburgo.
Qual o melhor arrondissement para se hospedar? Os parisienses têm um certo preconceito com quem mora no norte da cidade, onde é maior a predominância de imigrantes, principalmente árabes e africanos. Acredito que se trata um pouco de xenofobia. Eu andei por lá, tranquilamente. Só evite a região próxima às estações de trem, principalmente a Gare du Nord.
Não espere pagar pouco por uma acomodação em Paris. Por um mês, paguei mil euros, mas reconheço que foi uma pechincha porque o dono do apartamento era marido de uma conhecida. Então se quiser morar sozinha, espere gastar bem mais que isso. O céu é o limite.
Para se locomover de metrô, ônibus e RER, compre o Navigo Card (fala-se Navigô). Pesquise a melhor opção, de acordo com os dias que vai ficar e qual a região a ser coberta, no site Ile de France-mobilites. Dá pra baixar o app no celular e usar ilimitadamente pelo tempo adquirido. Só lembre-se que o mensal começa a valer apenas na segunda-feira.
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Economizando no intercâmbio
Há várias escolas e cursos disponíveis não só em Paris, mas em toda a França. Eu pesquisei muito até achar uma que coubesse no meu bolso. As grandes grifes de ensino de francês costumam cobrar preços exorbitantes, o que estava fora de questão pra mim. Encontrei então a Campus Langue. São três unidades no 19º arrondissement, acessíveis pela linha 7 do metrô. Há uma outra em Boulogne-Billacourt, coladinho em Paris.
Um curso de dez horas semanais, semelhante ao que eu fiz, sai por 280 euros por mês. Você vai precisar ainda comprar o livro de estudo quando chegar lá e, se já tiver alguma noção de francês, poderá fazer o teste de nível on-line. Não é necessário contratar uma agência de intercâmbio. A matrícula é feita no próprio site.
O que achei mais interessante nessa escola é que os alunos, na grande maioria, eram imigrantes de vários países que estavam morando na França e precisavam aprender o idioma. Eu era a única intercambista matriculada pra fazer o curso de um mês. Tinham estudantes de todas as idades, o que pra mim, não foi um problema.
A escola organiza ainda excursões e passeios. Sem dúvida é uma boa opção e eu voltaria a estudar lá com certeza. Não vou dizer que saí fluente em francês. Longe disso!! Estudei no Brasil depois por mais um ano, mas estudar a língua no local de origem torna o aprendizado muito mais fácil. Você sai à rua, vai na farmácia, no mercado e pode exercitar o que já aprendeu.

